Rumo ao Itamaraty

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

História Mundial

Breve introdução ao estudo da História

Caros amigos, meu nome é Thiago e com gosto inicio nosso curso de História Geral! Sou graduando em História na Universidade Federal de Viçosa (MG) e minha área de pesquisa é História Moderna. Entretanto, nosso diplomático destino nos aguarda com uma pasta repleta de textos de Contemporânea, com enfoque basicamente político-econômico. A única exceção é o livro de Jonathan Spence, intitulado The search for Modern China (SPENCE, Jonathan D. The Search for Modern China. New York: W. W. Norton, 1999), o qual acredito que terei dificuldades em encontrar… De modo geral, o que pretendo frisar é que História Mundial – segundo o Guia de Estudos 2009 – praticamente resume-se a História Contemporânea.

Agora surge a questão clássica: o que é História? Direto ao ponto: uma mentira repetida várias vezes, até adquirir status de verdade. Lemos muita coisa que, para legitimar-se, afirma apresentar conteúdo histórico, pretendendo tornar-se inquestionável de forma a priori. Mas a História é produto de construções sociais, como a linguagem e o pensamento, a moral, os valores e os planos econômicos. Não existem verdades históricas, há interpretações, leituras e releituras do passado, e a conclusão varia, indubitavelmente, em função do lugar social ocupado pelo observador, no caso o historiador. Para que estou falando isso? Para deixar claro que não precisamos apenas decorar nomes e datas de eventos e personagens importantes: essa importância é dada pelo autor do material de referência que estamos utilizando. Dessa forma, é imprescindível que nossas respostas venham sempre acompanhadas da expressão: “segundo fulano de tal, no trabalho x (sim, o nome do trabalho deve vir sublinhado), isso isso e isso”.

A concepção de História dos marxistas, por exemplo, é completamente diferente daquela utilizada pelos adeptos da História Cultural; tem relações e distinções com a História Social, utiliza outros documentos ou com outros fins quando comparada à História Demográfica. São várias as metodologias a definir os infindáveis agentes históricos, seus problemas e soluções. A bibliografia sugerida pelo IRBr é basicamente política e econômica, o que facilita muito as coisas, mas mesmo assim esses cuidados básicos devem ser tomados, de forma a não tornar nossos textos simplistas, factualistas e sem embasamento teórico.

Todos os trabalhos que trarei à discussão serão iniciados com informações acerca da biografia do autor, sua orientação teórica, trabalhos importantes publicados e envolvimento em debates teóricos, caso haja. Acredito que dessa forma nosso estudo será mais contextualizado e não haverá a ânsia decepcionante por decorar TODOS os fatos.

Nas questões comentadas apresentadas no Guia de Estudos, podemos ver que as pessoas que citam nomes, lugares e datas se saem muito bem. Mas isso não é tudo. Devemos conseguir associar os acontecimentos, ter claro em nossa cabeça a dimensão temporal deles e fazer deduções (partir do geral e levantar hipóteses em relação ao particular) e induções (partindo do particular e levantar hipóteses acerca do geral) em relação aos acontecimentos e processos. A dica com a parte de decoreba é criar um caderno de notas: com datas, eventos e personalidades. Exemplo:

1861-1865: Guerra de Secessão (American Civil War) – Governo de Abrahan Lincoln (republicano, contra a escravidão).

É importante que, ao ler essa informação, você rememore as controversas questões entre sul e norte dos Estados Unidos: escravidão e mão-de-obra livre, agricultura e indústria, importação e exportação de manufaturados, além da expansão para o Oeste (veremos isso depois). Nomes e datas são coisinhas que enchem os olhos da banca avaliadora, mas como ilustração do processo. Decorebas por si só não fazem prova!

Nosso plano de estudo:

Dividiremos nossos estudos de História Mundial em quatro módulos:

1) História Geral Contemporânea
2) História da América Latina
3) História das Relações Internacionais
4) Formação da Civilização Ocidental e Revisão.

Cada módulo terá duração de aproximadamente três meses e compreenderá algo em torno de seis livros, entre listados no Guia de Estudos e outros que sejam relevantes.

Na semana seguinte, iniciando nosso curso de História Geral Contemporânea, começaremos a trabalhar a obra do historiador egípcio de formação inglesa Eric Hobsbawn: A Era das Revoluções. São quatro livros: além desse, há A Era do Capital, A Era dos Impérios e A Era dos Extremos. Estudaremos os quatro.

Semana que vem começaremos.

Abraços, galera!


Thiago Mota.

3 comentários:

  1. Gostei muito do texto do Thiago e vejo que ele tem muito conhecimento acerca do tema História. Coincidência ou não, estou lendo nesse exato momento o livro A Era das Revoluções e confesso que é um livro brilhante. Espero ansioso pelo post de Thiago sobre o livro. Abraço a todos!

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  2. Estou ansiosa pelo inicio do curso... Me parace que vai ser ótimo!!!

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  3. Adorei!!!!!!! Espero que nosso grupo virtual não desanime e que cheguemos ao Irbr juntos !!!!

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