Rumo ao Itamaraty

Rumo ao Itamaraty

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Revolução Industrial

Olá, pessoal!
No post anterior, construímos uma espécie de cenário acerca da Europa Setecentista, sobretudo nas décadas finais desse século. Hoje iremos à cena principal: as revoluções que foram processadas naquelas terras, Industrial e Francesa. Comecemos pela Inglaterra e a Revolução Industrial.
Eric Hobsbawm, em A Era das Revoluções, define a Revolução Industrial da seguinte forma: “[retirada d]os grilhões produtivos das sociedades humanas, que daí (1780) em diante em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços.” [1] Isso quer dizer que a Revolução Industrial mudou completamente a relação do homem com o espaço, com o tempo e com o próprio homem. O espaço propício ao desenvolvimento já não é aquele dos campos amarelos do sul da Europa com suas culturas cerealíferas ou o bucolismo retratado pela literatura árcade, como o mundo ideal de se viver. A paisagem espacial a se mostrar agora é outra: a fábrica se apresenta ao mundo, com sons e cores, emitindo fumaça, edificando enormes construções e transferindo o poder entre objetos: da cruz, no alto das igrejas, para o relógio, no alto das fábricas. O tempo agora é outro, é o do relógio, e não mais o da colheita. São horas, dias e semanas, e não apenas estações. O homem agora é a força que faz tudo isso funcionar e, para tanto, precisar crescer (pelo menos em número), para suprir a crescente demanda por trabalhadores e consumidores.
Essa mudança radical teve seu início na Inglaterra e, para entender um pouco melhor os motivos de esse país (um anacronismo por falta de termo melhor) tomar dianteira no processo, devemos lembrar um pouco dos resultados da Revolução Inglesa, do século XVII. A Revolução Inglesa (1640-1688), foi a primeira revolução burguesa da História (isso segundo os marxistas e, já que estamos trabalhando com Hobsbawm, é coerente tratar dessa forma) e pregou o ideal de liberdade e direito: todo homem tem direito à liberdade, igualdade e felicidade (leia-se propriedade). Pretendia instrumentalizar o Estado inglês para acompanhar os desenvolvimentos do mundo ao qual era contemporânea e isso significava reduzir os privilégios nobres, aumentar a participação política dos burgueses e garantir os lucros advindos da produção de lã. Esses eram os interesses da gentry.
Com a vitória do liberalismo político revolucionário e continuidade do desenvolvimento econômico atrelado às políticas dos cercamentos – que levava as ovelhas a devorarem homens, de acordo com Thomas Moore – a Inglaterra dos finais do XVIII apresentava as pré-condições essenciais ao desenvolvimento industrial:
· Arrendamento das terras, com o capital resultante geralmente aplicado em alguma atividade comercial;
· Agricultura dirigida para o mercado e controlada pelo arrendatário;
· Conhecimento das técnicas têxteis e
· Presença de um campesinato de certa forma proletário.
Essas pré-condições, somadas aos interesses do Estado pelo lucro, na expectativa de gerar excedentes a serem exportados, e a pouca necessidade de incrementos tecnológicos necessário ao processo fabril deram berço britânico à Revolução Industrial.
Um outro ponto interessante a se notar é a natureza primeira da revolução: produzir bens de consumo de massa, a saber, tecidos. O passo inicial da industrialização não foi dado no sentido de se criar demandas para seus produtos, e sim satisfazer a existente. Com a imensa demanda por tecidos, os empreendedores (outro anacronismo) do período podiam visualizar perfeitamente suas possibilidades de lucro. As técnicas utilizadas para o processamento industrial da lã e do algodão já eram conhecidas e, com os estímulos de um grande mercado consumidor associados aos interesses do Estado, claramente liberal, o lucro era certeiro!
Para incrementar a produção, era preciso o aumento da oferta da matéria-prima, o algodão. Para suprir essa demanda, entra em cena a América: os Estados Unidos, sobretudo as colônias do sul, e outros colônias ou ex-colônias na América produziam algodão no sistema de plantation, baseado na mão-de-obra escrava negra. Esse algodão era vendido aos ingleses, que processava, fabricava os tecidos, e os revendia aos americanos. (Americanos são aqueles nascidos na Amércia, assim como europeus são nascidos nas Europa. Acho ridículo explicar isso, mas há quem ache que americano é sinônimo de estadunidense.) Algodão, escravidão e industrialização andaram juntos por um bom tempo. Assim como o semicolonialismo. Boa parte da produção britânica era exportada e, embora a Europa representasse um filão, a venda para colônias ou ex-colônias européias rendia bons lucros. É interessante ressaltar que, durante o período napoleônico, quando houve o bloqueio continental aos produtos ingleses (e que até forçou a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, lembra?), a Inglaterra se manteve bem vendendo para o mundo subdesenvolvido. Nesse ponto, a América Latina foi o grande reduto econômico inglês.
Um parênteses: vocês estão notando que estou usando Inglaterra e Grã-Bretanha como sinônimos, certo? Então, muita gente faz isso, com frequência. E é um erro. EXPLICAR A DIFERENÇA ENTRE INGLATERRA E GRÃ-BRETANHA. Mas para o período histórico que estamos tratando, não era muito incomum referir-se à Inglaterra englobando Irlanda, Irlanda do Norte, Gales, Escócia... Havia um certo entrelaçamento dessas economias e políticas, sendo todos incluídos no reino da Grã-Bretanha. Por exemplo, muitos dos proletários nas fábricas inglesas eram de origem irlandesa.
Voltando à indústria, o carro forte que puxou a revolução na Inglaterra foram os tecidos (e não o ferro, como muito se diz por ai), por algumas questões:
· Nesse período, nenhuma indústria empregou tantas pessoas ou manteve tantas como dependentes (1,5 milhões em 1833) quanto a algodoeira;
· O advento do algodão gerou necessidades logísticas, construção de fábricas, desenvolvimento de novas máquinas, inovações tecnológicas de forma paulatina – e não o contrário.
· A expansão da indústria têxtil foi tão amplo e diversificado, que dominou os movimentos de toda a economia inglesa.
· O emprego em massa, a mudança radical na paisagem, o êxodo rural intensivo e a exploração do operariado foram decorrências diretas da revolução nos têxteis e os causadores dos graves conflitos socias, como os movimentos ludista (de quebradeira na maquinaria) e cartista (BUSCAR).
A partir das necessidades geradas pela indústria algodoeira, chegamos às grandes transformações dos tempos das locomotivas! A principal fonte de energia usada pelos britânicas, sobretudo nas cidades, era o carvão. Além do uso doméstico, esse mineral era o principal motor das nascentes indústrias. Como o crescimento e desenvolvimento dessas últimas, as cidades – reduto de sua mão-de-obra – cresceram, assim como a demanda por carvão. Com o grande excedente gerado pela produção e venda de tecidos (bens de consumo), foi possível fazer pesados investimentos em bens de capital, acentuadamente as railways – ferrovias – que serviam basicamente ao carvão: retirada das minas e, sobretudo, transporte até as regiões de embarque. Nesse momento nascem as faraônicas obras de nosso tempo: as ferrovias cortando mundos e fundos, exigindo pontes, viadutos estações ferroviárias... construindo um mundo completamente novo aos olhos de seus habitantes e se transformando no grande símbolo da industrialização.
Só que esse empreendimento não era o que se podia dizer de rentável. Hobsbawm afirma que “a rentabilidade média do capital aplicado nas ferrovias britânicas era de apenas 3,7%”
[2]. Era mais negócio para os financistas repletos de cash para investir fazer empréstimos, seja aos países europeus que se reconstruiam pós-Napoleão seja às recentes repúblicas – ou monarquias, como o Brasil e, por pouquíssimo tempo o México – da América Latina. Porém, esses empréstimos, aparentemente mais lucrativos, perdiam-se nos calotes dados por esses governos. Por menos rentabilidade que a ferrovia apresentasse, era um investimento absorvido pela própria Inglaterra.
Bom, de maneira geral, a Revolução Industrial foi processada mobilizando a transferência de recursos humanos – do campo para as cidades, da lavoura para a fábrica – para mão-de-obra, de capital (de proprietários de terras, marcadores, armadores, financistas, etc) para a indústria e de técnicas comerciais e financeiras aplicadas à industrialização (o que não era difícil, pois a política governamental inglesa já estava comprometida com os lucros e a supremacia dos negócios). E dessa forma empírica e acidental, como os ingleses gostam de se imaginar, podemos dizer que se deu um dos processos mais vibrantes desde a descida das árvores ou a descoberta da agricultura. Sendo a Revolução Industrial o motor econômico do século XIX, na semana seguinte analisaremos a parte política, que associadas configuram muitas das instituições que ainda hoje conhecemos: a Revolução Francesa.
Até lá, então. Abração e já sabem: dúvidas? Postem ai!

Correções do post anterior:

Galera, vez por outra passam alguns erros, seja de digitação, seja algum descuido. Onde se lia "A vida era eminentemente rural, com as poucas cidades sendo diretamente dependentes do campo.", leia-se A vida era eminentemente rural, com as poucas cidades, sendo diretamente dependentes do campo.

Onde diz-se que o iluminismo era a filosofia do século XIX, leia-se século XVIII. Embora ainda desenvolva-se no XIX, tem ênfase no XVIII, período no qual emergem as revoluções que tratamos.

Excusez-moi...


Thiago Mota.
[1] HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções: 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra. 2009. p.50.
[2] Ibid. p.74.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As Eras

Hoje vamos discutir um pouco a respeito do autor da saga das Eras, A Era das Revoluções, A Era do Capital, A Era dos Impérios e A Era dos Extremos, e da primeira delas. Antes de iniciarmos A Era das Revoluções, é importante sabermos um pouco a respeito de quem os escreveu, a fim de entendermos seus objetivos com esse livro. Let’s discover who is (he is alive!) Eric Hobsbawm?


Eric Hobsbawm

Eric Hobsbawm nasceu em Alexandria, no Egito, em 1917, quando essa região estava sob o domínio britânico [1]. Seu pai, inglês, conheceu sua mãe, austríacana terra das pirâmides: um museu a céu aberto e uma sociedade sofisticada frequentada pela classe média cosmopolita européia. O próprio Hobsbawm afirma que “é extremamente improvável que esse encontro tivesse acontecido num lugar assim, ou que tivesse levado ao casamento entre duas pessoas em qualquer outro período anterior”[2] ao final do século XIX. Essa passagem biográfica, retirada de um trecho autobiográfico na introdução d’A Era dos Impérios, mostra-nos um pouco do interesse de Hobsbawm pelo século XIX: ele próprio se vê como fruto desse tempo. Ainda nesse livro, o autor afirma que as personalidades que deram forma ao século XX (esse trabalho é de 1988) nasceram no período anterior a 1914, sendo essencial compreender esse tempo para entender o mundo ao qual somos contemporâneos.
Órfão de pai aos doze e de mãe aos catorze, Hobsbawm vai morar com um tio. Passou esse tempo de sua vida em Viena e Berlim, saindo de lá em 1933, fugindo dos nazistas (seus pais eram judeus e ele tinha simpatias comunistas) e por ter ganhado uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge. Iniciou suas leituras de Karl Marx nesse período, formou-se em História, passou a integrar o Partido Comunista Britânico que apoiava o regime stalinista. Participou da Segunda Guerra Mundial, atuando no serviço de inteligência do exército. Terminada a guerra, voltou a Cambridge, doutourou-se em História e iniciou, com outros historiadores, o grupo de História do Partido Comunista.
Também integrou o grupo dos historiadores britânicos marxistas, como Christopher Hill (que publicou vários trabalhos sobre a Revolução Inglesa e a vida social entre os séculos XVII e XVIII) e Edward Thompson (que estuda, sobretudo, a Revolução Industrial e o proletariado inglês, no século XVIII-XIX). Esse grupo, decepcionado com as atrocidades cometidas pelo regime stalinista, rompe com o sonho vermelho e opta por estudar as organizações populares através das lutas de classe, utilizando todo o material conceitual marxista. Nasce a História Social de orientação marxista.
O método utilizado por Hobsbawm para escrever a História parte da premissa de que a sociedade é movida pela luta de classes: há uma classe superiora que deseja manter-se no poder e, para tanto, utiliza-se de vários métodos coercitivos para manter a situação tal como está. Dentre suas ferramentas, está a ideologia: o autor entende que a ideologia é uma forma de dominação mental da sociedade. Ao se fazer as pessoas acreditarem em algo, elas mesmas se autopoliciarão para não fugir a esses valores. Hobsbawm acredita que o que chamamos de tradição é algo inventado por essas classes como estratégia para legitimar-se no poder. Algo do tipo: sempre foi assim, não tem como ser diferente.
Do outro lado, há a classe oprimida, muitas vezes sedenta para mudar sua posição subalterna. Esse conflito é o motor social, o que gera o movimento e, por sua vez, a História (de acordo com a concepção marxista).
Essa metodologia marxista de concepção histórica é a utilizada pelos historiadores decepcionados com o stalinismo e que, na década de 1960, fundaram a revista New Left Review. A new left opunha-se à old left, termo aplicado aos comunistas stalinistas, revisionistas e liberais, acusados pelos novos intelectuais de traírem os ideais de justiça e liberdade. Esse periódico propunha analisar a História a partir das lutas de classes considerando a estrutura social como predominante em relação à econômica e ao Estado (embora sempre andem atreladas). O marxismo, enquanto método para investigação nas ciências humanas e sociais, é tanto uma forma de fazer ciência quanto um projeto social: prevê como fim, ápice da civilização, a igualdade entre os homens, um estado (e não um Estado necessariamente) de justiça social.
Os marxistas ortodoxos pretendiam desenvolver a revolução social prevista por Marx e Engels a todo custo, não medindo esforços para aplicá-la e, dessa forma, construindo um verdadeiro estado de terror na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Por esses atentarem contra a liberdade e a justiça, os intelectuais da New Left Review propuseram outra forma de utilizar as ideias do velho Marx. Ainda pretendem mudar o mundo, não desconfiem disso, porém não mais pela força. O interesse que aplicam à dominação ideológica nas pesquisas históricas têm uma razão de ser: pretendem levar seus leitores a criticarem a situação na qual vivem, fazendo-os problematizar as limitações socio-culturais que, para esses autores, existem para manter as disparidades econômicas.
Os livros que utilizaremos a partir de agora, propostos pelo Guia de Estudos do IRBr foram escritos seguindo essa cartilha. Além desses, há outros títulos importantes do autor, como:

· Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo.
· Ecos da Marselhesa : dois séculos revêem a Revolução Francesa.
· Mundos do Trabalho: Novos Estudos Sobre a História Operária
· Nações e Nacionalismo desde 1780


Um período de Revoluções

A Era das Revoluções tem como recorte cronológico o período que vai desde 1789 a 1848. Esse simples recorte já nos diz muita coisa. Um recorte é a delimitação temporal da pesquisa. Ao pegar essas datas, fica claro que o autor trabalha a partir de uma perspectiva política: 1789 à Revolução Francesa; 1848 à Circulação do Manifesto Comunista; e econômica: 1789 à Primeiro sistema fabril inglês; 1848 à Primeira rede de ferrovias.
O autor inicia a discussão com mundo na década de 1780, quando a industrilização é, de certa forma, iniciada: um mundo maior e, ao mesmo tempo, menor. Menor:

· Em área conhecida, com boa parte da geografia física ainda por ser descoberta/explorada;
· Em população e povoamento, tendo algo próximo a 1/3 dos habitantes da década de 1970.
· Em estatura, com pessoas mais baixas e fisicamente menos desenvolvidas (o que foi começou a ser superado com os avanços da nutrição, no fim do século XIX.

Por outro lado, o mundo era enorme! Imaginem as dificuldades de comunicação: como fazer uma carta, saída de Londres, chegar a Nova Iorque e ser respondida? Levaria, no mínimo, em uns dois ou três meses... O autor afirma que houve avanços, estradas foram construídas (sobretudo aproximando as capitais), os transportes por vias fluviais ou marítimas eram mais ágeis, mas ainda insuficientes para, por exemplo, garantir aos nórdicos o consumo de frutas tropicais, que pereceriam antes de chegarem ao destino. Por essas questões e por falta de progresso técnico junto à agricultura, a alimentação europeia era essencialmente regionalista. Consumia-se o que era produzido na região: centeio, trigo, cevada, aveia, algums frutas e legumes, laticínios, aves, porcos, gado de corte e vinho, de modo geral.
A vida era eminentemente rural, com as poucas cidades sendo diretamente dependentes do campo. Se os iluministas do dezoito se gabavam de entregar-se às letras e luzes nas cidades, não o podiam fazer em mais de 30 cidades com população igual ou superior a 100 mil habitantes. Sendo a terra o centro das riquezas, certo está que as relações de trabalho estavam definidas em função da propriedade agrária, assim como o status social de seus próprietários frente aos demais estratos sociais. Nas Américas, as relações de trabalho definiam-se, de forma geral (à exceção dos estados do norte dos EUA) como trabalho compulsório de nativos ou trabalho escravo negro. Havia trabalho livre, mas proporcionalmente muito inferior às variantes citadas. Ao leste da Europa, as relações assentavam-se ainda nos moldes feudais ou semifeudais, com a posse da terra pelos senhores e o trabalho sendo realizado por servos ou correspondentes a eles. No restante da Europa, Hobsbawm afima o status social estava intimamente ligado à posse de terras: nenhum gentleman o seria sem terras.
O avanço da agricultura para um sistema capitalista, segundo o autor, se deu em algumas regiões, como a Inglaterra, onde havia concentração de terras arrendadas, com campesinato contratado e alguma atividade comercial envolvida. Com a chegada do século XIX, essa estrutura mostrou-se uma agricultura capitalista, gerida pela classe empresarial dos fazendeiros e funcionando através dos braços de um extenso “proletariado rural” – palavras de Hobsbawm.
O século XIX europeu foi um tempo de progressos, com sua filosofia própria: o iluminismo. O progresso estava associado ao aumento da produtividade agrícola e manufatureira (e consequente aumento populacional), que tinha por base a racionalidade econômica e científica. Entretanto, no restante do mundo, as demais sociedades não haviam mudado muito (da perspectiva da Europa). Mas isso estava prestes a acontecer. Para suprir as necessidades crescentes do capitalismo europeu, mais escravos africanos faziam-se necessários para fazer funcionar as minas e lavouras do Novo Mundo e na extensão do Oceano Índico. Ao passo que se acentuavam as transações comerciais com o Oriente Próximo e Médio, o mesmo acontecia com os confrontos bélicos (e o mesmo se diz acerca dos impérios da Ásia, como o grande império chinês e o Império Mughal – Índia). Eram os primeiros resultados das revoluções econômica e política que se apresentavam, mudando a cara das sociedades.
Bom, pessoal, construído esse pano de fundo, semana que vem discutiremos a Revolução Industrial e a Francesa. Veremos o que acontece com o mundo, que vai ser tornando um barril prestes a explodir a qualquer momento! Qualquer dúvida, postem ai!
Abração, galera!

Thiago Mota.

[1] Uma correção do post anterior: Hobsbawm tem nacionalidade britânica.
[2] HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios: 1875-1917. Tradução de Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. São Paulo: Paz e Terra. 2009. p.15.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

História Mundial

Breve introdução ao estudo da História

Caros amigos, meu nome é Thiago e com gosto inicio nosso curso de História Geral! Sou graduando em História na Universidade Federal de Viçosa (MG) e minha área de pesquisa é História Moderna. Entretanto, nosso diplomático destino nos aguarda com uma pasta repleta de textos de Contemporânea, com enfoque basicamente político-econômico. A única exceção é o livro de Jonathan Spence, intitulado The search for Modern China (SPENCE, Jonathan D. The Search for Modern China. New York: W. W. Norton, 1999), o qual acredito que terei dificuldades em encontrar… De modo geral, o que pretendo frisar é que História Mundial – segundo o Guia de Estudos 2009 – praticamente resume-se a História Contemporânea.

Agora surge a questão clássica: o que é História? Direto ao ponto: uma mentira repetida várias vezes, até adquirir status de verdade. Lemos muita coisa que, para legitimar-se, afirma apresentar conteúdo histórico, pretendendo tornar-se inquestionável de forma a priori. Mas a História é produto de construções sociais, como a linguagem e o pensamento, a moral, os valores e os planos econômicos. Não existem verdades históricas, há interpretações, leituras e releituras do passado, e a conclusão varia, indubitavelmente, em função do lugar social ocupado pelo observador, no caso o historiador. Para que estou falando isso? Para deixar claro que não precisamos apenas decorar nomes e datas de eventos e personagens importantes: essa importância é dada pelo autor do material de referência que estamos utilizando. Dessa forma, é imprescindível que nossas respostas venham sempre acompanhadas da expressão: “segundo fulano de tal, no trabalho x (sim, o nome do trabalho deve vir sublinhado), isso isso e isso”.

A concepção de História dos marxistas, por exemplo, é completamente diferente daquela utilizada pelos adeptos da História Cultural; tem relações e distinções com a História Social, utiliza outros documentos ou com outros fins quando comparada à História Demográfica. São várias as metodologias a definir os infindáveis agentes históricos, seus problemas e soluções. A bibliografia sugerida pelo IRBr é basicamente política e econômica, o que facilita muito as coisas, mas mesmo assim esses cuidados básicos devem ser tomados, de forma a não tornar nossos textos simplistas, factualistas e sem embasamento teórico.

Todos os trabalhos que trarei à discussão serão iniciados com informações acerca da biografia do autor, sua orientação teórica, trabalhos importantes publicados e envolvimento em debates teóricos, caso haja. Acredito que dessa forma nosso estudo será mais contextualizado e não haverá a ânsia decepcionante por decorar TODOS os fatos.

Nas questões comentadas apresentadas no Guia de Estudos, podemos ver que as pessoas que citam nomes, lugares e datas se saem muito bem. Mas isso não é tudo. Devemos conseguir associar os acontecimentos, ter claro em nossa cabeça a dimensão temporal deles e fazer deduções (partir do geral e levantar hipóteses em relação ao particular) e induções (partindo do particular e levantar hipóteses acerca do geral) em relação aos acontecimentos e processos. A dica com a parte de decoreba é criar um caderno de notas: com datas, eventos e personalidades. Exemplo:

1861-1865: Guerra de Secessão (American Civil War) – Governo de Abrahan Lincoln (republicano, contra a escravidão).

É importante que, ao ler essa informação, você rememore as controversas questões entre sul e norte dos Estados Unidos: escravidão e mão-de-obra livre, agricultura e indústria, importação e exportação de manufaturados, além da expansão para o Oeste (veremos isso depois). Nomes e datas são coisinhas que enchem os olhos da banca avaliadora, mas como ilustração do processo. Decorebas por si só não fazem prova!

Nosso plano de estudo:

Dividiremos nossos estudos de História Mundial em quatro módulos:

1) História Geral Contemporânea
2) História da América Latina
3) História das Relações Internacionais
4) Formação da Civilização Ocidental e Revisão.

Cada módulo terá duração de aproximadamente três meses e compreenderá algo em torno de seis livros, entre listados no Guia de Estudos e outros que sejam relevantes.

Na semana seguinte, iniciando nosso curso de História Geral Contemporânea, começaremos a trabalhar a obra do historiador egípcio de formação inglesa Eric Hobsbawn: A Era das Revoluções. São quatro livros: além desse, há A Era do Capital, A Era dos Impérios e A Era dos Extremos. Estudaremos os quatro.

Semana que vem começaremos.

Abraços, galera!


Thiago Mota.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Introdução à Microeconomia e Demanda do consumidor

Ufa, entre um atendimento e outro aqui no Banco do Estado de Sergipe encontrei um tempo para fazer esse post muito importante sobre Microeconomia o qual intitulei lesson one que fala sobre a Demanda do consumidor, primeiro assunto do conteúdo de economia. Será a primeira lição sobre microeconomia, matéria que não gosto muito, mas como dizem: "Temos que estudar tudo mesmo não gostando". Bom, chega de blá blá blá e vamos ao que interessa. Vejo que o blog ainda não está muito divulgado, então espero que a assessora de marketing Wilma,-espero que ela não fique chateada com a brincadeira-consiga entrar em contato com mais pessoas.




Introdução à Microeconomia


Microeconomia é o ramo da ciência econômica voltado ao estudo do comportamento das unidades de consumo ( indivíduos e famílias ); ao estudo das empresas e ao estudo da produção de preços dos diversos bens, serviços e fatores produtivos.Teoria elementar do funcionamento do mercadoCostuma-se definir a procura, ou demanda individual, como a quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor estaria disposta a consumir em determinado período de tempo. É importante notar, nesse ponto, que a demanda é um desejo de consumir, e não sua realização. Demanda é o desejo de comprar.A Teoria da Demanda é derivada da hipótese sobre a escolha do consumidor entre diversos bens que seu orçamento permite adquirir. Essa procura individual seria determinada pelo preço do bem; o preço de outros bens; a renda do consumidor e seu gosto ou preferência.A Demanda é uma relação que demonstra a quantidade de um bem ou serviço que os compradores estariam dispostos a adquirir a diferentes preços de mercado. Assim, a Função Procura representa a relação entre o preço de um bem e a quantidade procurada, mantendo-se todos os outros fatores constantes.Quase todas as mercadorias obedecem à lei da procura decrescente, segundo a qual a quantidade procurada diminui quando o preço aumenta. Isto se deve ao fato de os indivíduos estarem, geralmente, mais dispostos a comprar quando os preços estão mais baixos.


Tabela 1

Assim se torna fácil a observação de que as relações preço - quantidade são inversas.Enquanto a relação da demanda descreve o comportamento dos compradores, a relação da oferta descreve o comportamento dos vendedores, evidenciando o quanto estariam dispostos a vender, a um determinado preço.Os vendedores possuem uma atitude diferente dos compradores, frente aos preços altos. Se estes desalentam os consumidores, estimulam os vendedores a produzirem e venderem mais. Portanto quanto maior o preço maior a quantidade ofertada.A Função Oferta nos dá a relação entre a quantidade de um bem que os produtores desejam vender e o preço desse bem, mantendo-se o restante constante.

Tabela 2


Pela tabela é possível perceber que as quantidades ofertadas aumentam à medida que os preços aumentam. São diretas as relações preço - quantidade.O equilíbrio da oferta e da procura num mercado concorrencial é atingido com um preço que faz igualar as forças da oferta e procura. O preço de equilíbrio é aquele com o qual a quantidade procurada é precisamente igual à quantidade oferecida.Como se disse , a quantidade de um produto que os compradores desejam adquirir depende do preço. Porém a quantidade que as pessoas desejam comprar depende também de outros fatores.Relação entre as quantidades demandadas e o preço dos bens: levando-se em conta apenas o preço do bem observa-se quando a demanda aumenta ocorreu uma diminuição no preço; quando ele diminui é um resultado de um aumento do preço.Relação entre a procura de um bem e o preço de outros bens:A ) aumento no preço do bem Y acarreta em aumento na demanda do bem X: isso significa que os bens X e Y são substitutos ou concorrentes. Um exemplo é a relação entre o chá e o café.B ) aumento do bem Y ocasiona a queda da demanda do bem X: os bens em questão, nesse caso, são complementares. São bens consumidos conjuntamente, como o café e o açúcar.Relação entre a procura de um bem e a renda do consumidor:A ) Bem Normal: são aqueles cuja quantidade demandada aumenta quando aumenta-sea renda.B ) Bem de luxo: ao se aumentar a renda a quantidade demandada aumenta em maior Proporção.C ) Bem de primeira necessidade: ao se aumentar a renda a quantidade demanda se Mantém inalterada pois, ao se tratar de algo de primeira necessidade já fazia parte das antigas aquisições do indivíduo.D ) Bem inferior: são aqueles cuja quantidade demandada diminui quando a renda aumenta. Geralmente são vens para os quais há alternativas de melhor qualidade.Até agora se viu como os deslocamentos da demanda e oferta afetam os preços. O conceito de elasticidade - preço nos permite uma maior compreensão do sistema de preços e das reações observadas no mercado.A elasticidade é a relação entre as diferentes quantidades de oferta e procura de certas mercadorias em função das alterações verificadas em seus respectivos preços.Seguindo-se esse conceito as mercadorias podem ser classificadas em bens de demanda elástica ou inelástica.Os bens de demanda inelástica são os de primeira necessidade, indispensáveis à subsistência do consumidor.Os bens de demanda elástica são aqueles que não são indispensáveis à subsistência do consumidor. Assim são, geralmente, os bens de luxo.Alguns fatores que influenciam a elasticidade da demanda da demanda seriam a existência de substitutos ao bem, a variedade de usos desse vem, o seu preço em relação ao uso global dos consumidores e o preço do bem em relação à renda dos consumidores.Para um vendedor faz realmente muita diferença o fato de ser elástica ou não a demanda com a qual ele se defronta. Se a demanda for elástica e ele reduzir o preço, obterá mais receita. Por outro lado se a demanda for inelástica e ele reduzir o preço obterá menos receita.


Para saber mais:Samuelson e Nordhaus. Economia, Editora Mc Graw Hill, 12 edição.Dornbusch, Rudiger e Fischer, Satnley. Macroeconomia, Makron Books, 5 edição.Pindyck, Robert S. e Rubinfeld, Daniel L.. Microeconomia, Makron Books.

Livro que recomendo: Título: Livro - Microeconomia. Título Original: Subtítulo: Autor: Hal R. Varian. Tradução: Editora: Campus.

Dica: Muitos livros do conteúdo programático do CACD estão, na íntegra, no site google scholar, quem tiver interesse Take a look!!
Carlos André Almeida da Silva

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Área econômica e afins

Good Morning ladies and gentlemen. well, First Eu queria agradecer à Wilma que criou esse blog e distribuiu o link para os demandantes de conhecimentos sobre o CACD. Second eu queria explanar meu plano de aulas sobre a àrea econômica na qual estarei me graduando em no máximo one year and half.

Eu baixei o guia de estudos do CACD 2010 e extrai o conteúdo programático de noções de economia. A partir da minha análise criarei um esquema no qual explicarei vários assuntos relevantes e que sempre caem em provas do concurso. Para quem ainda não deu uma olhada no guia, segue abaixo todo o conteúdo:

1. Microeconomia

1.1. Demanda do Consumidor. Preferências. Curvas de indiferença. Restrição orçamentária. Equilíbrio do consumidor. Mudanças de equilíbrio, efeito-preço, efeitorenda e efeito-substituição. Taxa marginal de substituição. Curva de demanda. Deslocamento da curva e ao longo da curva. Elasticidade-preço e elasticidade-renda. Classificação de bens. Excedente do consumidor.
1.2. Oferta do Produtor. Fatores de produção. Função de produção. Isoquantas.
Elasticidade-preço da oferta. Rendimentos de fator. Rendimentos de escala. Custos de produção. Excedente do produtor.
1.3. Concorrência Perfeita, Monopólio, Concorrência Monopolística e Oligopólio.
Comportamento das empresas. Determinação de preços e quantidades de equilíbrio.

2. Macroeconomia

2.1. Contabilidade Nacional. Os conceitos de Produto e Renda Interna, Produto e Renda Nacional, Renda Disponível Bruta, Poupança Bruta Doméstica e capacidade ou necessidade de Financiamento Externo. Conceitos e cálculo do Déficit Público. A Conta de Balanço de Pagamentos: estrutura e cálculo do resultado do Balanço. Números Índices. Deflator Implícito e Índices de Preço ao Consumidor.
2.2. Evolução do pensamento macroeconômico. Keynesianismo, monetarismo e escolas posteriores.
2.3. Mercado de trabalho. Determinação do nível de emprego.
2.4. Funções da moeda. Criação e distribuição de moeda. Oferta da moeda e mecanismos de controle. Procura da moeda. Papel do Banco Central. Moeda e preços no longo prazo.
2.5. Poupança e investimento. Sistema financeiro.
2.6. Flutuações econômicas no curto prazo. Oferta e demanda agregadas. Papel das políticas monetária e fiscal. Inflação e desemprego.

3. Economia internacional

3.1. Política comercial. Efeitos de tarifas, quotas e outros instrumentos de política governamental.
3.2. Teorias clássicas do comércio. Vantagens absolutas e comparativas. Pensamento neoclássico e liberalismo comercial. 3.3. A crítica de Prebisch e da Cepal. 3.4. Noções de macroeconomia aberta. Os fluxos internacionais de bens e capital. Regimes de câmbio. Taxa de câmbio nominal e real.

4. Economia Brasileira

4.1. A economia brasileira no Século XIX.
4.2. Políticas econômicas e evolução da economia brasileira na Primeira República.
4.3. A crise de 1929 e a industrialização brasileira na década dos trinta. O impacto da Segunda Guerra sobre a economia brasileira e os desdobramentos subsequentes.
4.4. A Nova Fase de Industrialização. O Plano de Metas.
4.5. O Período 1962-1967. A desaceleração no crescimento. Reformas no sistema fiscal e financeiro. Políticas antiinflacionárias. Política salarial.
4.6. A Retomada do Crescimento 1968-1973. A desaceleração e o segundo PND.
4.7. A crise dos anos oitenta. A interrupção do financiamento externo e as políticas de ajuste. Aceleração inflacionária e os planos de combate à inflação.
4.8. Os anos noventa. Abertura comercial e financeira. A industria, a inflação e o balanço de pagamentos.
4.9. Pensamento econômico e desenvolvimentismo no Brasil.


Em alguns dias, no máximo até domingo, começarei o estudo do programa e farei resumos, sempre que fizer um postarei aqui no blog.

See you all soon! take care!!

P.S.: Espero que tenha alguém desse grupo que formamos que ensine francês pois é a matéria que, até o momento, sou leigo.


Carlos André Almeida da Silva

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Bem Vindos ao grupo de Estudos!!!!

Vamos estudar com força, colegas....Pois o caminho é espinhoso. Mas com fé, determinação e muito estudo, chegaremos lá!!!




Wilmaa :)****